Prémio Valmor

Do site da Câmara Municipal de Lisboa tirei toda esta fabulosa informação e fotos sobre o Pémio Valmor. Só os coloquei aqui para se verem mais facilmente, já que no dia em que fomos visitar alguns destes edifícios chovia terrivelmente e além de não vermos quase nada, também não consegui tirar fotos em condições.
a c i l i n a


Instituído há um século, o Prémio Valmor surge na sequência de indicações deixadas no testamento do segundo e último visconde de Valmor, Fausto Queiroz Guedes, diplomata, político, membro do Partido Progressista, par do reino, governador civil de Lisboa e grande apreciador de belas artes.
Falecido em França em 1878, segundo o seu testamento, uma determinada quantia de dinheiro era doada à cidade de Lisboa de modo a criar-se um fundo. Este passaria a constituir um prémio a ser distribuído em partes iguais ao proprietário e ao arquitecto autor do projecto da mais bela casa ou prédio edificado.
Surge assim, com o nome do seu instituidor, o Prémio Valmor de Arquitectura, cuja atribuição era da responsabilidade da Câmara Municipal de Lisboa, ficando esta sob fiscalização do Asilo de Mendicidade de Lisboa. A Câmara elaborou então um regulamento segundo o qual seria anualmente nomeado um júri de três membros, todos arquitectos, que avaliariam as várias edificações.
Adaptando-se a mudanças, quer de mentalidade, quer no modo de fazer arquitectura, quer ainda a nível de regulamento, é um dos mais prestigiados prémios de arquitectura em Portugal.
O Prémio Valmor continua a ser sinónimo de uma certa qualidade arquitectónica que reflecte, tanto pelos bons como pelos maus exemplos, os gostos dominantes das diferentes épocas.
Após uma primeira proposta de regulamento apresentada por Duarte Pacheco, então presidente da Câmara Municipal de Lisboa e Ministro das Obras Públicas, o Prémio Municipal de Arquitectura viria a ser oficialmente instituído em 1943.
Partilhando muitas semelhanças com o Valmor, durante os anos em que foi atribuído, 1943-1957, o Prémio Municipal de Arquitectura premiaria obras de qualidade muito diversa mas geralmente mais modernas dos que as galardoadas pelo Prémio Valmor.
Apesar de um primeiro regulamento apenas contemplar edifícios de habitação, foi posteriormente alterado, permitindo assim um alargamento a qualquer tipo de edificação.
Este prémio foi recuperado em 1982, estando desde essa altura associado ao Valmor passando a designar-se desde então Prémio Valmor e Municipal de Arquitectura.
Em 2003 o regulamento foi novamente alterado, passando a incluir um prémio para Arquitectura Paisagista.
A partir de 1997, o Município de Lisboa não atribuiu o prémio Valmor e Municipal de Arquitectura. O actual presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Dr. Pedro Santana Lopes, regularizou esta situação ao reestruturar o regulamento de tal galardão e ao outorgar, em 2003, o Prémio de 2002, e, no início de 2004, os Prémios de 1997 a 2001.
No que respeita à reformulação do regulamento, o mesmo passou a incluir, pela primeira vez a área de Arquitectura Paisagista, tendo assim este prémio adquirido uma nova dimensão.

1902/1909

O Prémio Valmor de 1902 foi atribuído ao Palácio Lima Mayer (1),







uma construção de 1901, situada na Avenida da Liberdade fazendo esquina para a Rua do Salitre e da qual Adolfo de Lima Mayer era proprietário. O arquitecto foi Nicola Bigaglia (?-1908), italiano radicado em Portugal.
A propriedade incluía, para além do edifício, um extenso jardim, no qual, em 1921, se edificou o Parque Mayer.
Actualmente funcionam no edifício serviços da Embaixada/Consulado de Espanha.
O Prémio de 1903 coube a um edifício, a Casa Ventura Terra (2),








na Rua Alexandre Herculano, 57, do qual Miguel Ventura Terra (1866-1916) foi o arquitecto e proprietário.
Edifício com decoração sóbria, vãos esguios com persianas articuladas de recolha lateral, elementos que o distinguiram dos edifícios da altura. Destaque ainda para o friso superior de azulejos pintados no estilo Arte Nova. Mantém a função original, habitação para rendimento.
Em 1904 o júri decidiu não atribuir o Prémio Valmor, por considerar que «nenhum dos prédios concluídos em Lisboa durante o ano findo reúne o conjunto de condições artísticas essenciais para ser classificado em mérito absoluto», propondo apenas duas Menções Honrosas.
Uma delas, a Casa Lambertini (3),








cujo proprietário Michelangelo Lambertini exprimiu a sua revolta apelando mesmo à Câmara no sentido desta anular a decisão, localiza-se na Avenida da Liberdade, 166-168, tendo por arquitecto Nicola Bigaglia, anteriormente distinguido.
Edifício concebido para cumprir as condições do testamento do Visconde, inspira-se na Renascença Veneziana, o estilo Lombardesco, com uma decoração em mosaicos, executados em Veneza, inspirada na Igreja de S. Marcos.
Actualmente em bom estado de conservação, destina-se a habitação e escritórios.
A segunda Menção Honrosa coube a um edifício de habitação (4),


também na Avenida da Liberdade (262-264), que teve como arquitecto Jorge Pereira Leite e cujo proprietário era António José Gomes Netto.Apesar de ser um edifício premiado, a sua fachada encontra-se degradada. Mantém a função original.

Em 1905 foi premiada a Casa Malhoa,








localizada na Avenida 5 de Outubro, 6-8, edifício que serviu de habitação e também atelier ao pintor José Malhoa, seu proprietário, um projecto do arquitecto Manuel Norte Júnior (1878-1962). Edifício no seu conjunto equilibrado, influenciado pelas linhas Arte Nova, sendo visível nas serralharias dos muros, varanda e portões, e também nas decorações em azulejos nos frisos. A grande janela em ferro, que iluminava o atelier do pintor, é um dos elementos de relevo na composição da fachada onde se insere.

Em 1933 o edifício foi adquirido pelo Dr. Anastácio Gonçalves, que o doou ao Estado, sendo actualmente a Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves.
Em 1906 o prémio coube à Casa Visconde de Valmor








propriedade da Viscondessa de Valmor, localizada na Avenida da República, 38, e com projecto de Miguel Ventura Terra.
Segundo o júri, o imóvel proporciona uma «(...) perspectiva agradável do cruzamento de duas artérias (...)». Realça ainda «(...) a boa e lógica proporção (...)» das suas formas. Edifício elegante e agradável, bem conservado, encontra-se revestido a pedra clara, possuindo também, um frontão central com painel de azulejo, decorado com motivos Arte Nova. Actualmente é a sede do Clube dos Empresários.
Em 1907 foi a vez de uma moradia, a Casa Empis


na Avenida Duque de Loulé, 77, propriedade de Ernesto Empis e arquitectura de António Couto de Abreu (1874-1946). Edificado em estilo Francisco I, inspirado na Renascença Francesa, lembrava o castelo de Blois e a casa de Diana de Poitiers. Foi o primeiro edifício premiado com Valmor a ser demolido, em 1954, ocupando actualmente o seu lugar um edifício de 7 andares.

Em 1908 premiou-se, pela primeira vez, um edifício de rendimentos,

cujo piso térreo era ocupado por estabelecimentos comerciais. Edifício de gaveto, localiza-se na Avenida Almirante Reis, 2-2K, propriedade de Guilherme Augusto Coelho com projecto de Arnaldo R. Adães Bermudes (1864-1948). De destacar a decoração em motivos Arte Nova, com elementos em ferro forjado e painéis de azulejo, e ainda a cúpula que remata o edifício. Actualmente um pouco degradado, mantém a função original.

Houve também uma Menção Honrosa, em 1908, atribuída a um prédio



na Avenida da República, 36, propriedade de Henrique Pereira Barreiros e arquitectura de Manuel Norte Júnior. Foi demolido nos anos 1949-1950, dando lugar a um prédio de habitação com 8 andares e lojas no piso térreo.
No ano de 1909 foram entregues quatro prémios, três dos quais Menções Honrosas.

Nesse ano o Prémio Valmor coube ao Palacete Mendonça,

na Avenida Marquês de Fronteira, 18-28, um projecto do arquitecto Miguel Ventura Terra para Henrique José Monteiro Mendonça. Edificado no alto do Parque Eduardo VII e um pouco recuado em relação à via pública possui uma fachada simérica e de expressão algo italianizante. O júri destacou ainda a “loggia”, afirmando mesmo que «(...) deveria ser mais amplamente adoptado no nosso pais (...)».
Dos edifícios premiados com Menção Honrosa apenas um deles, um Palacete,

na Rua do Sacramento à Lapa, 34, do arquitecto Arnaldo R. Adães Bermudes e propriedade do Conde de Agrolongo se encontra ainda em bom estado de conservação e destinado a habitação. O edifício

da Rua Tomás Ribeiro com projecto do arquitecto António C. Abreu, propriedade de João António Marques Sena foi demolido em 1954, ocupando agora o seu lugar um edifício de escritórios e o edifício

da Avenida Duque de Loulé, 72-74, da autoria de Adolfo A. Marques da Silva (1876-1939) para Fortunato Jorge Guimarães, teve um destino semelhante. Demolido em 1965 para dar lugar a um edifício com vários andares e lojas.
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